Grávida morre após tomar ‘injeção vitamínica’.

Grávida morre após tomar ‘injeção vitamínica’; por que pode ser perigoso?

Grávida morre após tomar 'injeção vitamínica'; por que pode ser perigoso?
Grávida morre após tomar ‘injeção vitamínica’; por que pode ser perigoso?

Uma mulher de 32 anos, grávida de oito meses, morreu após receber uma injeção com suposto efeito vitamínico para “aumentar a imunidade”, em Cuiabá (MT). O bebê que ela esperava também morreu.

A suspeita da perícia é de que Elaine Vasconcelos tenha tido um choque anafilático provocado pela medicação, relatou o G1. Mas a morte ainda não tem causa divulgada.

Vitamina para imunidade funciona? Quais os riscos?

Se a pessoa tem deficiência de alguma vitamina, pode haver necessidade de suplementação —então, nesses casos, pode funcionar, sim. Mas é importante lembrar que o ser humano pode obter esses nutrientes de uma forma muito básica: pela comida.

Uma alimentação saudável, equilibrada e variada oferece bons níveis de vitaminas necessários ao corpo.

A quantidade a ser ingerida pode variar de acordo com idade, gênero e estado de saúde da pessoa.

Se a alimentação não for suficiente para suprir o déficit vitamínico e haja suplementação, esta deve ser prescrita por médicos e nutricionistas, pois precisa ser individualizada.

Além da alimentação, outros aspectos contribuem para a imunidade, como qualidade do sono e presença de doenças, por isso a avaliação médica se faz necessária. Não existe fórmula única e mágica.

A gente não vai conseguir melhorar a imunidade com uma vitamina, a não ser que tenha deficiência, mas precisa comprovar. Essas vitaminas de prateleira não têm comprovação científica para aumentar imunidade e, ao contrário, podem desenvolver quadro alérgico, como qualquer tipo de medicamento. Albertina Varandas Capelo, coordenadora do Departamento Científico de Anafilaxia da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia)

Se consumidas sem prescrição, as vitaminas podem causar danos como falência renal e crise no fígado. “Quanto mais de perto houver acompanhamento médico para qualquer tipo de suplementação, seja de vitaminas ou alguns minerais, isso é quase uma exclusividade do médico. Sempre, o ideal é evitar automedicação”, diz o ginecologista e obstetra Carlos Moraes.

Imunidade na gestação

Moraes, que é médico em hospitais de referência como Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre, explica que, durante a gestação, até para receber o embrião e desenvolver o feto, há alterações no sistema imunológico da gestante. Porém, são mudanças muito complexas e não se reduzem apenas ao estado de gravidez.

“Não existe exame que identifique baixa imunidade, são situações raras na medicina e, geralmente, têm acompanhamento de especialista”, ele diz.

Nessa fase, é comum que obstetras prescrevam vitaminas para suprir a necessidade de elementos, que aumenta durante a gravidez. O mais tradicional é o ácido fólico, vitamina do complexo B9 que evita defeitos do tubo neural e, assim, tem fator protetor.

“Depois, o obstetra pode trocar por um polivitamínico, basicamente que tenha ferro —porque anemia na gravidez é um quadro muito comum no Brasil. Normalmente, essas medicações são seguras e não têm nenhum tipo de complicação”, acrescenta Moraes.

Suplementos podem causar choque anafilático?

Há suspeita de que a mulher tenha sofrido um choque anafilático devido à injeção. Segundo Capelo, qualquer tipo de medicamento pode provocar reação alérgica, mas nem sempre é possível prever. A pessoa pode não saber que é sensível a determinada substância.

Pessoas grávidas são um grupo de risco para reações alérgicas e gravidade das reações. “Todo cuidado é pouco nesse sentido”, destaca a médica.

Em termos de reação alérgica, o perigo da medicação endovenosa (injeção) é maior do que da medicação via oral, uma vez que os compostos são aplicados diretamente na corrente sanguínea. É diferente de engolir um comprimido que vai passar pelo trato digestivo e ser metabolizado, com resultado mais demorado —ainda que possa ter um efeito grave.

Na necessidade de tomar medicamento por injeção, alguns cuidados são necessários. Assim, como o paciente ficar em observação numa unidade de saúde e ter ampolas de adrenalina à disposição, que é o primeiro tratamento indicado no caso de anafilaxia.

“A gente pede uma hora de observação, porque as reações acontecem mais rápido ou tardiamente, mas, de qualquer maneira, está ali prevendo”, diz a especialista da Asbai. “Injetável fora de serviço de saúde é complicado.”

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