Por que as mulheres demoram para saber que têm endometriose?

A endometriose é uma condição ginecológica que afeta cerca de uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). No entanto, apesar de ser relativamente comum, o diagnóstico da doença ainda é frequentemente tardio. Como ginecologista e obstetra com mais de 30 anos de atuação em São Paulo e em Osasco, eu vejo essa realidade se repetir todos os dias em meu consultório. Por isso, é urgente discutirmos por que tantas mulheres demoram tanto para descobrir que têm endometriose — e o que pode ser feito para mudar essa realidade.
Quando a dor deixa de ser “normal”?
Durante décadas, a sociedade ensinou as mulheres a normalizar a dor. Portanto, cólicas menstruais intensas, dores durante a relação sexual e desconfortos intestinais ou urinários no período menstrual foram — e muitas vezes ainda são — tratadas como parte natural do ciclo feminino. Contudo, a verdade é que nenhuma dor intensa e persistente deve ser considerada normal.
A endometriose pode causar todos esses sintomas, mas muitas vezes é silenciosa. Ou seja, a mulher pode conviver com a doença sem perceber nada de anormal. Por outro lado, há quem sofra com dores incapacitantes durante anos, sem que nenhum profissional investigue a fundo a causa. Isso, infelizmente, ainda é muito comum.
O longo caminho até o diagnóstico.
Estudos nacionais e internacionais indicam que o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico da endometriose pode variar de 4 a 11 anos. Em uma pesquisa realizada em São Paulo, por exemplo, o tempo médio para se chegar ao diagnóstico foi de aproximadamente 46 meses. Portanto, há uma verdadeira peregrinação em busca de respostas — e de alívio.
Dessa maneira, é comum que a mulher passe por diversos especialistas, receba diagnósticos incorretos ou paliativos e utilize medicamentos que mascaram os sintomas, como anticoncepcionais. Esses fatores, somados à desinformação, à desvalorização das queixas femininas e à dificuldade de acesso a exames especializados, contribuem diretamente para esse atraso.
Sintomas que não devem ser ignorados.
Embora nem todas as mulheres com endometriose apresentem sintomas, é fundamental prestar atenção a alguns sinais. Portanto, se você sente:
- Cólica menstrual intensa e progressiva;
- Dor pélvica crônica;
- Desconforto durante as relações sexuais;
- Alterações no intestino ou na bexiga durante o ciclo menstrual;
- Dificuldade para engravidar;
…é essencial procurar um ginecologista com experiência no diagnóstico da endometriose.
Contudo, vale lembrar que cada caso é único. Algumas mulheres podem apresentar apenas um ou dois desses sintomas. Por conseguinte, é importante não ignorar nenhuma mudança no corpo ou no ciclo menstrual.
O papel dos exames no diagnóstico correto.
Para confirmar a endometriose, não basta apenas suspeitar. Portanto, exames específicos são fundamentais. Hoje, contamos com ferramentas bastante eficazes, como a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética da pelve.
Contudo, esses exames precisam ser solicitados com critério e avaliados por profissionais capacitados. Nesse contexto, o papel do ginecologista é ouvir atentamente as queixas da paciente, realizar um exame físico detalhado e, a partir disso, direcionar a investigação com base em evidências clínicas.
Por que o diagnóstico precoce faz tanta diferença?
A endometriose é uma doença progressiva e inflamatória. Portanto, quanto mais tempo ela permanece sem controle, maiores são os riscos de complicações. Entre elas, destacam-se a infertilidade, a dor crônica debilitante, alterações em órgãos vizinhos como intestino e bexiga, além de impactos diretos na qualidade de vida.
Desse modo, o diagnóstico precoce pode mudar completamente o rumo da vida da mulher. Ele permite um tratamento mais eficaz, menos invasivo e com melhores resultados reprodutivos e clínicos.
O impacto emocional da demora em diagnosticar a Endometriose. Por que as mulheres demoram para saber que têm endometriose?

A espera por um diagnóstico não afeta apenas o corpo, mas também a mente. Portanto, mulheres que convivem por anos com dor sem explicação costumam apresentar quadros de ansiedade, depressão e frustração. Um estudo publicado na revista Einstein em 2017 mostrou que o sofrimento psíquico dessas pacientes pode ser tão intenso quanto a dor física.
Diante disso, uma abordagem humanizada, que escute, acolha e respeite as queixas da mulher, é essencial. Como médico, sempre oriento que a saúde emocional deve ser tratada com a mesma atenção que a saúde física.
Fatores que aumentam o risco da doença.
Embora não exista uma causa única conhecida, alguns fatores estão associados ao maior risco de desenvolver endometriose. Portanto, atenção aos seguintes pontos:
- Início precoce da menstruação;
- Ciclos menstruais curtos (menos de 27 dias);
- Menstruação prolongada (mais de 7 dias);
- Nunca ter engravidado;
- Histórico familiar de endometriose.
Logo, mulheres com esses fatores devem manter um acompanhamento ginecológico regular, mesmo na ausência de sintomas aparentes.
Tratamento: cada caso é um caso.
O tratamento da endometriose é individualizado. Portanto, ele depende da gravidade da doença, da idade da paciente, dos sintomas e do desejo de engravidar. Em muitos casos, medicamentos hormonais ajudam a controlar a progressão da doença e aliviar os sintomas. Já em situações mais severas, a cirurgia pode ser necessária.
Contudo, o mais importante é que a mulher entenda suas opções e participe ativamente das decisões sobre seu tratamento. Sendo assim, a relação médico-paciente deve ser construída com confiança, empatia e transparência.
O alerta que precisa ser feito. Por que as mulheres demoram para saber que têm endometriose?
A endometriose não pode mais ser ignorada ou subestimada. Portanto, se você sente que algo não está certo com seu corpo, se a dor tem se tornado parte da sua rotina ou se está tentando engravidar sem sucesso, não espere mais. O diagnóstico pode parecer distante, mas ele começa com o simples ato de buscar ajuda.
Em vista disso, não se cale diante da dor. Não aceite que ela seja rotulada como “normal” só porque outras mulheres também sentem. Seu corpo merece atenção, e sua saúde precisa ser prioridade.
Agende sua consulta!
Como ginecologista com mais de 30 anos de experiência, atendo diariamente dezenas de mulheres que enfrentam essa mesma realidade. Portanto, se você se identificou com o que foi descrito neste artigo, saiba que não está sozinha.
Dessa forma, agende agora mesmo uma consulta comigo em um de meus consultórios em São Paulo (bairro do Morumbi) ou em Osasco (Centro). Basta clicar no botão “Agende sua consulta”, disponível no topo e no rodapé deste site. Vamos conversar, entender seu caso e encontrar juntos o melhor caminho para cuidar da sua saúde.