Saúde materna: ausência de nutrientes durante a gestação pode afetar o desenvolvimento do feto
A ausência de nutrientes necessários para o funcionamento do organismo, como vitaminas e minerais, durante a gestação, pode prejudicar o desenvolvimento do feto e trazer complicações à saúde do bebê após o nascimento.
Isso porque, na gravidez, o corpo da mulher passa por uma série de modificações, oferecendo condições necessárias de desenvolver o feto. E, neste processo, o aporte adequado de nutrientes é fundamental para ser possível o equilíbrio mãe/placenta/feto. É o que explica o médico Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP.
“Com a deficiência nutricional da mãe, ocorre a insuficiência placentária. Isso significa que aquela placenta progressivamente reduz o aporte de oxigênio e nutrição para o feto, resultando no nascimento de um bebê com peso inferior a 90% dos outros bebês na mesma idade gestacional, ou até mesmo em óbito”, afirma o especialista.
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Moraes também lembra que a restrição de crescimento intrauterino (RCIU), condição na qual o feto não alcança seu potencial biológico de crescimento, afeta cerca de 5 a 10% de todas as gestações, e é um dos principais fatores de aumento de morbimortalidade no período perinatal.
Esta fase da gestação começa em 22 semanas completas (154 dias) de gravidez (época em que o peso de nascimento é normalmente de 500 g), e termina com sete dias completos após o nascimento.
Nutrientes que não podem faltar na gestação
O especialista cita uma série de vitaminas e minerais que são indispensáveis para manter o equilíbrio entre mãe/placenta/feto. O primeiro
- Acido fólico (vitamina B9) – responsável pela formação do tubo neural do feto, estrutura que dá origem ao cérebro e a medula espinhal nos primeiros meses de gestação, considerado o período mais crítico para malformações decorrentes de baixa ingestão de vitaminas e minerais;
- Vitaminas do complexo B – assumem papel fundamental no desenvolvimento do sistema nervoso e do coração do bebê;
- Cálcio – é fundamental na formação do esqueleto do bebê, dos ossos e dentes, além de ser fundamental na transmissão de impulsos nervosos e contração muscular;
- Vitamina D – a deficiência deste nutriente prejudica a proteção da placenta, o que pode causar ruptura prematura da bolsa no último trimestre de gestação. Também pode causar fragilidade óssea.
- Magnésio – o consumo deste nutriente durante a gestação diminui os riscos de pré-eclâmpsia, transtorno no qual há aumento da pressão arterial, inchaço do rosto e das mãos e saída de proteína na urina. Essa condição pode levar ao parto prematuro, sofrimento fetal ou atraso do crescimento intrauterino;
- Iodo – A deficiência de iodo traz diversas complicações para o bebês, como anomalias congênitas, o que aumenta o risco de mortalidade infantil. Também pode causar estrabismo e comprometer o desenvolvimento cognitivo;
- Ferro – é responsável pelo aumento do volume sanguíneo durante a gravidez e a prevenção de anemia. A deficiência deste nutriente pode causar deficiência pode causar baixo peso, prematuridade e alterações na formação e organização nervosa,
- Zinco – é responsável pelo desenvolvimento cognitivo e neurológico do bebê. Se houver baixas quantidade deste mineral no organismo, pode ocorrer atraso na formação e no crescimento dos neurônios da criança. Na grávida, a falta do zinco prejudica o tempo de cicatrização de possíveis lesões.
Insegurança alimentar afeta nutrição
O número de pessoas passando fome no Brasil praticamente dobrou em menos de dois anos. São 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar no país. Os dados são do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede PENSSAN em junho.
Segundo dados do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) no ano de 2020, quando a insegurança alimentar atingiu números elevados, 14,2% das gestantes apresentaram baixo peso para a idade gestacional, 6,1% das crianças menores de 5 anos estavam com magreza acentuada ou magreza e 13,0% delas com baixa estatura para a idade.
De acordo com o estudo “Desigualdades e Impactos da Covid-19 na Atenção à Primeira Infância”, realizado pela pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a crise econômica provocada pela pandemia também afetou a nutrição das crianças no País.
Segundo o estudo, o número de crianças muito abaixo do peso aumentou 54,5% entre março de 2020 e novembro de 2021 (de 1,1% para 1,7%) – índice correspondente a cerca de 324 mil (4,3%) crianças de 0 a 5 anos incompletos.
O médico explica que, se for diagnosticado a desnutrição em crianças em aleitamento materno, é fundamental que a amamentação seja continuada e de forma exclusiva até os 6 meses de idade ou, se possível, até os 2 anos de idade ou mais.
Existem instituições que arrecadam recursos para pessoas que estão em situação de fome ou insegurança alimentar, como podemos ver a seguir!
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Banco de Leite Humano
É uma ação de proteção e apoio ao aleitamento materno. A rede é responsável pela coleta, processamento e distribuição de leite humano para bebês prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas próprias mães, além de atendimento para apoio e orientação para o aleitamento materno.
Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. Basta ser saudável e não tomar medicamentos que interfiram na amamentação.
Amigos do Bem
Criado em 1993, é um dos maiores projetos sociais do país, que atende mais de 150 mil pessoas no sertão de Alagoas, de Pernambuco e do Ceará.
Quem quiser contribuir pode realizar doações de alimentos, água e quantias que ajudam a manter as ações educacionais e profissionalizantes no sertão.
Banco de Alimentos
A ONG atua desde 1998 auxiliando pessoas em situação de insegurança alimentar através do combate ao desperdício de alimentos.