Tromboembolismo

Muito se tem escrito e compartilhado na Internet sobre a associação entre o uso de anticoncepcionais e tromboembolismo venoso (TEV).

Tromboembolismo e a pílula anticoncepcional

As pacientes, assustadas com as histórias, têm chegado muitas vezes em pânico no consultório. Daí a importância do resumo que farei abaixo.

A pílula anticoncepcional é o método contraceptivo mais utilizado no mundo. Além da prevenção da gravidez não planejada, as pílulas anticoncepcionais também podem oferecer benefícios como:

  • alívio dos sintomas da TPM;
  • tratamento da síndrome dos ovários policísticos, com diminuição da oleosidade da pele e do cabelo;
  • redução da cólica e do fluxo menstrual excessivo.

A pílula pode ser utilizada também no tratamento de:

  • endometriose (doença em que áreas do endométrio se implantam fora do útero);
  • menorragia (fluxo menstrual intenso);
  • miomas uterinos.

Também sabemos que o uso de pílulas anticoncepcionais por longos períodos diminui o risco de tumores de ovário e do endométrio (camada interna do útero).

O tromboembolismo venoso (TEV), apesar de raro, permanece como um dos mais graves efeitos adversos da contracepção. Forma-se um coágulo sanguíneo em veias profundas das pernas ou da pelve. O coágulo pode ser liberado na circulação e bloquear o fluxo sanguíneo para os pulmões, por exemplo (embolia pulmonar), com potenciais consequências fatais.

Fatores de risco conhecidos para TEV são: idade avançada, tabagismo, imobilização prolongada (viagens e hospitalização), obesidade, gravidez e período pós parto. Além dos fatores genéticos que causam maiores tendências à formação de coágulos (doenças chamadas de “trombofilias”).

Durante a entrevista que o médico faz com a paciente, estes eventuais fatores de risco devem ser observados. Sua presença deve ser encarada como “sinal de alerta”, e eventualmente contraindicar o uso das pílulas contraceptivas. A própria Organização Mundial de Saúde já desenvolveu há muitos anos os chamados “critérios de elegibilidade dos contraceptivos”, que ajudam médico e paciente a tomar a melhor decisão. Definitivamente, não são todas as mulheres que podem utilizar todo e qualquer anticoncepcional.

Voltando ao tromboembolismo, os dados estatísticos indicam que o risco em mulheres que não utilizam pílulas é de 4 a 5 casos por 10.000 mulheres por ano. Em mulheres que utilizam pílulas a taxa é de 9 a 10 casos por 10.000 mulheres por ano. Só para comparar, durante a gestação, as taxas de TEV são de 29/10.000 e podem alcançar de 300-400/10.000 no pós parto imediato.

Então já sabemos agora que o uso de anticoncepcionais orais aumenta o risco de TEV. Mas que ainda assim, o risco é menor do que durante a gestação.Muito bem. Recentes publicações têm atribuído risco maior de TEV a alguns novos anticoncepcionais que contém drosperinona (Yasmin e Yaz por exemplo), gerando certa confusão e o tal pânico a que me referi.

Em função do grande número de mulheres que utilizam as pílulas anticoncepcionais, estudos de segurança e eficácia são realizados mundialmente. São estudos realizados em vários países, chamados multicêntricos, e envolvem grande número de mulheres.

O que sabemos hoje em dia graças a estes estudos:

  • a possibilidade de TEV associada ao uso de contraceptivos hormonais combinados existe, mas é pequena.
  • o risco de TEV associado ao uso de anticoncepcionais com drosperinona (Yasmin e Yaz, por exemplo) é similar ao de outros anticoncepcionais que não contém drosperinona.

Diante de tudo isso, nos resta afirmar que os benefícios dos contraceptivos hormonais combinados na prevenção da gravidez não planejada continuam a superar os riscos.

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